Controlo de Espécies Vegetais Invasoras Lenhosas em Infraestruturas Municipais

“A mimosa (Acacia dealbata) é uma árvore do género das leguminosas, que pode atingir até 15m de altura. As folhas são perenes, verde-acinzentadas, recompostas (o que significa que cada folha é composta por centenas de pequenas folhas). A espécie é bastante reconhecida pela floração amarelo-vivo durante o mês de fevereiro, que dá origem a vagens que produzem milhares de sementes rígidas, vermelho-escuro quase pretas, que permanecem no solo com capacidade para germinar durante décadas. As sementes são dispersas por animais, como pássaros e formigas e, por vezes, por ventos fortes e por ação humana (por exemplo transporte de solos ou junto a vias) o que leva à formação de focos de invasão dispersos e/ou afastados das áreas invadidas. Esta espécie também se reproduz vegetativamente, formando vigorosos rebentos de touça ou raiz após o corte, de crescimento muito rápido.

Julga-se que a mimosa foi introduzida em Portugal no início do século XX, para estabilização de solos e como ornamental. Atualmente, encontra-se dispersa em todo o território continental e também na ilha da Madeira. A espécie também evidencia comportamento invasor noutros locais do planeta, como em Espanha, França, Itália, Turquia, África do Sul, Argentina, Chile, Índia, Sri-Lanka, EUA, Madagáscar e Nova Zelândia.

A Acacia dealbata forma povoamentos muito densos, diminui o fluxo das linhas de água e agrava alguns problemas de erosão, mas também aumenta o risco de incêndio devido grande volume combustível nos espaços que ocupa. Para além disso impede o desenvolvimento da vegetação nativa devido aos efeitos alelopáticos, produz muita folhada rica em azoto promovendo a alteração do solo, o que poderá ter efeitos negativos no desenvolvimento e sobrevivência das espécies nativas e, simultaneamente, favorecer o crescimento da própria espécie e/ou de outras espécies invasoras.

Estas características provocam impactos significativos em (1) ecossistemas por formarem povoamentos muito densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa ou diminuindo o fluxo das linhas de água, (2) económicos pela diminuição da produtividade, custos elevados na aplicação de medidas de controlo, e também (3) na proteção civil, face ao grande fitovolume que estas espécies alcançam num curto espaço de tempo, resultando num aumento permanente da carga de combustível vegetal disponível para arder.

Por estes motivos esta espécie foi adicionada ao conjunto de espécies proibidas em Portugal, em 1999, juntamente com outras espécies do género Acacia, através do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro.

A Carta de Ocupação do Solo, elaborada pelo Município de Arganil em 2018 na sequência dos incêndios de 2017, identificava que 477 hectares, que correspondiam a 3,8% da mancha florestal do concelho, encontravam-se já invadidos pela espécie, sendo que face ao efeito de catálise do fogo sobre esta espécie, se estima que esta área tenha superado o triplo daquela ocupação.

Para mitigação daquela que é considerada a principal invasão vegetal no centro do País, o Município de Arganil tem desenvolvido e fomentado ações pontuais de controlo, para mitigar os efeitos negativos provocados pela espécie, junto a linhas de água, vias de comunicação e outras infraestruturas públicas, complementadas com ações de educação ambiental e voluntariado na área de Paisagem Protegida da Serra do Açor e participação em projetos desenvolvidos pelo Agrupamento de Escolas de Arganil, no âmbito do Clube Ciência Viva, sobre esta temática.

Nesta senda o Município desenvolveu e iniciou em 2013 o projeto CONTROLO DE ESPÉCIES VEGETAIS INVASORAS LENHOSAS EM INFRAESTRUTURAS MUNICIPAIS com o apoio do Fundo Ambiental (Aviso n.º 14358/2022 – Prevenção e controlo de espécies exóticas invasoras lenhosas e da regeneração natural de espécies do género Eucalyptus spp), com o propósito de controlo da população de Acacia dealbata (mimosa) e outras invasoras em algumas das principais plataformas de serviços do concelho, a Zona Industrial da Relvinha e via de comunicação associada, Zona Industrial de Coja, e Parque de Campismo de Sarzedo. As operações decorrem numa superfície total aproximada de 110 hectares, dos quais 29,73ha consiste na intervenção em núcleos e 80,15ha de prospeção e controlo de indivíduos isolados, recorrendo a intervenções de silvicultura preventiva, gestão e tratamentos químicos, com diferentes tipos técnicas de controlo, de acordo com as características orográficas e da ocupação do solo por esta espécie, numa lógica de erradicação e de controlo preventivo da sua disseminação, mitigando todos os impactes identificados.

O contributo para o controlo das espécies invasoras pode vir de todos, através do controlo, da identificação, localização e envio para o Município desta informação, tornando-se assim qualquer pessoa num “cidadão-cientista”.” Sabe mais sobre o controlo desta espécie em https://invasoras.pt/pt/planta-invasora/acacia-dealbata

Resultados do Projeto

Ações executadas / resultados
Ações executadasResultados alcançadosElementos de suporte:
Controlo de espécies invasoras – Local ID_R_FGC_109 (Zona Industrial da Relvinha) – Intervenções em núcleos de Acacia dealbataÀ data da elaboração do relatório todos os núcleos de Acacia spp. foram objeto de controlo físico e químico com sucesso, eliminando a curto prazo os impactos negativos da sua existência. Com esta intervenção foi também eliminado o foco de dispersão seminal. É espectável a regeneração pontual em consequência do banco de sementes existente, mas também devido à conhecida capacidade de regeneração vegetativa desta espécie, motivo pelo qual o município continuará a monitorizar e, sempre que possível, controlar os indivíduos emergentes, após a conclusão do projeto. As técnicas associadas a esta ação foram colocadas em prática em 29,73ha. Adicionalmente, nos locais Zona Industrial da Relvinha e Zona Industrial de Vale de Fojo, foi efetuada a plantação para a criação de competição com as espécies invasoras, recorrendo a uma espécie autóctone rústica e resiliente, sendo necessário aguardar os primeiros dois anos após a instalação de forma a aferir a taxa de sobrevivência e de que são obtidos os resultados pretendidos. Esta ação beneficiou 12,07ha.Fotografias da intervenção (antes e depois) em anexo.
Controlo de espécies invasoras – Todos os locais – Prospeção e controlo de espécies invasorasDurante todo o período de execução do projeto foram desenvolvidas ações de prospeção de indivíduos isolados das espécies invasoras identificadas, em todo o perímetro deste local, tendo-se seguido o seu controlo. Esta ação tem extrema importância para evitar a dispersão e a emergência de novos núcleos. Esta ação abrangeu 80,15ha.Fotografias da intervenção (antes e depois) em anexo.