Auditório da Cerâmica Arganilense na companhia da melhor música portuguesa
Real Companhia esteve no passado sábado dia 18 de Janeiro, no palco do Auditório da Cerâmica Arganilense para presentear o público com uma arrebatadora e fantástica atuação.
Com a música tradicional como estandarte, Fernando Pereira e a sua Real Companhia trouxeram com eles a extraordinária voz de Ana Laíns e o tão caraterístico jeito de declamar de José Fanha.
Assim que os primeiros acordes ecoaram na sala, as palmas foram quase como que atos reflexos e de imediato acompanharam as melodiosas trovas, às quais Fernando Pereira não foi indiferente e às quais fez questão de agradecer, num ato de pleno reconhecimento de uma vida dedicada à música tradicional portuguesa. Uma vida que devota a esta arte, engrandece e leva além-fronteiras também as particulares do nosso concelho, da nossa única Serra do Açor, que para além de sempre presente no coração do músico e compositor está também ela, muitas vezes, retratada nalgumas letras que entoa.
O espetáculo seria ainda enriquecido com uma bonita homenagem a Ary dos Santos, no 30º aniversário de sua morte, com a recitação de poemas de sua autoria na voz de José Fanha. Ana Laíns uma convidada especial que é já uma presença assídua nos espetáculos de Real Companhia e também nas participações dos álbuns editados, encantou pela simplicidade dos seus trejeitos, na perspicuidade da sua voz, mostrando a sua versatilidade tanto na música tradicional como no fado.
Ana Laíns que tem também uma carreira a solo, desvendou um pouco do seu recente trabalho com o tema “Quatro Caminhos”. Rendida, a plateia aplaudiu vigorosamente.
Para além dos convidados que vieram até nós, participam ainda no álbum apresentado, o ator Rui Mendes, Rui Veloso e o ator Joaquim de Almeida, com a declamação do poema de Fernando Pessoa “O Infante”, que na sua ausência, foi declamado por José Fanha no decorrer do espetáculo.
Serranias é assim um álbum que percorre todas as peculiaridades da serra, da Serra do Açor à Serra de Sintra em todas as suas desarmonias e consonâncias, proclamadas por aqueles que um dia prometeram não deixar a música tradicional portuguesa e os nossos mais distintos costumes, morrer.