Luís Paulo Costa conduz deputados do PSD pelo local da construção de barragem no rio Alva

Conduzidos por Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, os deputados Mónica Quintela, António Maló de Abreu e Paulo Leitão, eleitos pelo círculo eleitoral de Coimbra, do Grupo Parlamentar do PSD, visitaram, esta segunda-feira, o local onde está prevista a construção de uma pequena central hidroelétrica, em Vale das Botas, no rio Alva, entre Secarias e Côja.

A deslocação da comitiva do PSD ao concelho surge na sequência do forte e contínuo apelo lançado pelo Município de Arganil contra à implementação desta infraestrutura, que motivou, inclusive, a Assembleia Municipal de Arganil a apresentar recentemente uma moção de apelo ao Governo para cancelar a concessão do projeto. Em causa estão os impactos muito negativos que a construção desta mini-hídrica acarreta para o território, quer no setor do turismo, quer em termos ambientais, patrimoniais, ecológicos e socioeconómicos.

Já depois de uma breve apresentação de contextualização do projeto, realizada por Luís Paulo Costa, no Centro Empresarial e Tecnológico de Arganil, os convidados tiveram oportunidade de conhecer o local onde foram realizados trabalhos de prospeção geológica e ter a perceção da dimensão das consequências que a barragem, formada por um paredão de quase 14 metros de altura, virá a ter.

Juntaram-se a esta visita às margens do rio Alva o presidente da União das Freguesias de Côja e Barril do Alva, João Tavares, e o presidente da Junta de Freguesia de Secarias, António Souto, fortes aliados de Luís Paulo Costa nesta luta, apartidária, contra a construção da central hidroelétrica e pela defesa dos superiores interesses de Arganil e dos seus munícipes.

Quiserem também manifestar o seu total descontentamento para com o projeto vários membros da Assembleia Municipal de Arganil e alguns populares, entre eles os principais impulsionadores do movimento civil que lançou a petição “Contra a Barragem Vale das Botas no Rio Alva”, a decorrer desde março deste ano.

Entre as principais preocupações manifestadas pelos deputados do PSD eleitos pelo círculo distrital de Coimbra estão o evidente paradoxo existente entre os custos e os benefícios que vão resultar para as populações e a possibilidade da barragem colocar em causa o uso pleno das infraestruturas turísticas em Côja e Secarias.

Luís Paulo Costa relembrou que a construção da barragem prevê a desmatação e desarborização de quase 200 hectares de vegetação existente junto às margens, colocando em causa mais de uma dezena de ativos patrimoniais, a qualidade da água e os ecossistemas. Tudo isto em troca de quase nada.

“O que nos choca é que os interesses do concelho tenham sido vendidos por um valor que não deixa de ser ridículo para aquilo que será o impacto no território, se isto vier acontecer”, frisou o líder do executivo, fazendo alusão aos 800 mil euros que serão arrecadados pelo Estado com a concretização do projeto.

A visita terminou na Praia Fluvial de Côja, com os deputados do PSD e demais convidados a terem oportunidade de observar, in loco, aquele que é um dos grandes riscos relacionados com a construção da mini-hídrica: a submersão do caneiro do Lagar quando a barragem atingir a sua cota máxima.


Luta de uma década

A luta do Município de Arganil contra o avanço do projeto no rio Alva remonta a 2010, ano em que o Governo desencadeou um processo com vista à construção de pequenas centrais hídricas no país, entre elas a mini-hídrica em Vale das Botas, assinando, então, contrato com a empresa Explikot, sediada em Viana do Castelo.

A declaração de impacto ambiental emitida na época terminou em 2017, tendo sido revalidada até março de 2021, a pedido da construtora. Até esta data, a empresa tem o direito de avançar com a construção da barragem.

Em 2019 foram realizados trabalhos de prospeção geológica e ensaios na zona prevista de implementação, dando indícios de que o projeto não estaria parado. Desde então, o Município de Arganil tem vindo a intensificar os apelos lançados ao Governo para travar o projeto.