Presidente da Câmara acompanha novas plantações do projeto Floresta da Serra do Açor


O projeto Floresta da Serra do Açor continua a ganhar raízes fortes e duradouras nas encostas de Arganil, assinalando este início de 2024 com uma nova campanha de plantações. As ações que decorrem até ao final do próximo mês de fevereiro, e que serão retomadas a partir de novembro, consideram a plantação de cerca de 500 mil árvores de diferentes espécies, numa área total de 427 hectares.

Mantendo o que vem sendo prática recorrente, o presidente da Câmara Municipal de Arganil acompanhou de perto os trabalhos, mantendo-se atualizado sobre as atividades em curso e o plano de ação para os próximos 12 meses. “É um privilégio poder acompanhar os progressos deste projeto que está a transformar e a dar uma nova vida à paisagem que em 2017 ficou reduzida a cinza”, realçou Luís Paulo Costa.

“Vir ao terreno com frequência permite não só assistir à plantação das novas árvores, mas também acompanhar o crescimento das primeiras árvores plantadas pelo projeto, e isso dá-nos a real perceção da força e da importância do projeto Floresta da Serra do Açor”.

Luís Paulo Costa – Presidente CM Arganil

Até ao momento, e passados três anos desde o arranque deste projeto pensado e planeado para 40 anos, foram plantadas 800 mil árvores, maioritariamente autóctones e com grande resistência ao fogo. Até ao final deste ano de 2024, prevê-se que floresçam nas serranias do concelho 1 milhão e 100 mil árvores. Até ao final de 2025, de todas as espécies previstas no Plano de Gestão Florestal, terão sido plantadas 1 milhão e 800 mil árvores em aproximadamente 1.500 hectares.

O projeto, em termos genéricos, vai permitir revitalizar uma área de 2.500 hectares (25 km2), constituída sobretudo por terrenos baldios percorridos não apenas pelo incêndio de 2017, mas também por fogos florestais anteriores. Os cerca de 1000 hectares restantes têm objetivos distintos, incluindo faixas de gestão de combustível para proteção de infraestruturas e apoio ao combate a incêndios. Estas áreas abrangem também zonas de proteção de linhas de água ou zonas de proteção da vegetação natural contra a erosão, que servem simultaneamente como áreas de refúgio e alimentação para a fauna silvestre.

Trabalhos em curso em Cepos e Teixeira

As parcelas visitadas por Luís Paulo Costa localizam-se na União de Freguesias de Cepos e Teixeira, no “Cabeço do Fernando”, e pertencem à Comunidade Local dos Compartes dos Baldios de Cepos e Casal Novo. Nestas áreas sem regeneração natural, onde serão plantados cerca de 9000 medronheiros, prepara-se o terreno. Através de ripagem com máquina de rastos, foi aberta uma linha para plantação, em cerca de 6 hectares. A ripagem, realizada com recurso a uma alfaia, “parte” o substrato rochoso de xisto e permite às jovens plantas explorarem maior quantidade de solo, ao mesmo tempo que fomenta a infiltração das águas pluviais. Esta técnica evita também a erosão da camada superficial do solo, que nestas parcelas é extremamente delgada. Como forma de proteção não só do solo, mas também das jovens plantas, optou-se por manter os matos existentes.

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Na restante área da parcela, cerca de 9 hectares com declive superior a 20%, onde a legislação não permite a utilização de máquinas para a mobilização do solo, procedeu-se à abertura de linhas para plantação com abertura de covas manual, aproveitando e beneficiando a regeneração natural existente de pinheiro-bravo, medronheiro e outras folhosas.

Numa outra parcela, denominada “Alvarinho”, com cerca de 7.5 hectares, pertencente à Comunidade Local dos Compartes dos Baldios de Teixeira, procedeu-se à limpeza de um povoamento de castanheiro que resistiu ao incêndio. As operações envolveram a eliminação dos exemplares mortos em pé, promovendo a regeneração natural, e a plantação de novos castanheiros.

Ambas as parcelas preveem ações de manutenção já contratadas para os próximos 3 anos, para controlo dos matos e substituição das plantas que não vinguem.

Além de Cepos e Teixeira, a nova campanha de plantações incide sobre terrenos baldios localizados em Casal Novo, Salgueiro, Luadas, Celavisa e Porto Castanheiro. Os povoamentos a instalar são compostos por espécies folhosas autóctones, como o castanheiro, o carvalho-alvarinho e carvalho-negral, bétula, sobreiro e medronheiro, em consociação com resinosas, como o pinheiro-bravo, maioritariamente, e, em menor escala, com pinheiro-larício e pseudotsuga, consoante as condições de cada parcela.

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Cuidar das novas árvores

As ações de arborização são uma parte importante, mas não são suficientes, por si só, para garantir a regeneração da floresta. Tão ou mais importante que plantar novas árvores é o trabalho de manutenção dos povoamentos instalados e de regeneração natural, que será realizado ao longo das próximas décadas, até 2060, conforme previsto no Plano de Gestão Florestal da Floresta da Serra do Açor.

Este contínuo e cuidado acompanhamento vai garantir, através de uma gestão adaptativa às condições, que os povoamentos terão as intervenções necessárias à reposição do equilíbrio de que necessitam para o seu desenvolvimento, através do controlo da vegetação espontânea, desbastes, retanchas (substituição das plantas secas no primeiro ano).

Um dos aspetos que torna este projeto pioneiro e inovador é precisamente esta gestão florestal adaptativa.


Os modelos de silvicultura para estes povoamentos mistos foram desenvolvidos pela Escola Superior Agrária de Coimbra, pensados para as condições da Serra do Açor. De forma preventiva, antecipam os cenários de alterações climáticas a que estamos e estaremos sujeitos, aos quais as plantas são particularmente sensíveis. Estes povoamentos mistos são mais resilientes a pragas e doenças, mais biodiversos e com maior valor. A gestão futura, em função da sua evolução, permitirá a sua conversão em povoamentos puros de folhosas, retirando progressivamente as resinosas, fundamentais nos primeiros anos pela proteção que proporcionam às espécies folhosas.

Além da arborização, realizam-se simultaneamente trabalhos de limpeza de povoamentos, beneficiação da regeneração natural, beneficiação de linhas de água e controlo de espécies invasoras lenhosas, como a acácia-mimosa, acácia-austrália e háckea-picante. O objetivo é converter as áreas florestais em áreas multifuncionais e sustentáveis, tanto do ponto de vista ecológico como económico, permitindo, num futuro próximo, o suporte de atividade económicas importantes, como a pastorícia, a apicultura, a caça, o turismo de natureza e o desporto-aventura.

Investimento de 5 milhões de euros

O projeto Floresta da Serra do Açor chegou às encostas da Serra do Açor em 2020, e é resultado da junção de vontades e de recursos de várias entidades. À visão mobilizadora do Município de Arganil juntou-se o forte sentido de responsabilidade social do grupo Jerónimo Martins, que financiou o projeto em cinco milhões de euros através do mecenato ambiental, e o conhecimento técnico e orientação do Escola Superior Agrária de Coimbra. O envolvimento das Assembleias de Compartes, proprietários de terrenos baldios do concelho de Arganil, foi igualmente crucial para a concretização deste projeto sem precedentes no país, sustentável e inovador, quer em termos técnicos, quer em termos de governança, antecipando o conceito de transformação da paisagem.

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