Projeto de gestão florestal em Arganil recebe investimento de 5 milhões de euros da Jerónimo Martins
Foi hoje apresentado, no salão nobre do Mosteiro de Folques, Arganil, o projeto «Floresta da Serra do Açor», pensado e muito ambicionado pelo Município de Arganil e financiado em cerca de 5 milhões de euros pelo Grupo Jerónimo Martins.
O projeto, que que vai permitir a recuperação e revitalização de cerca de 2.500 hectares (25 km2) de terrenos baldios, fustigados pelas chamas em outubro de 2017, foi apresentado pelo presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa, pelo presidente do Conselho de Administração do Grupo Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, e pelo docente da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), José Gaspar.
Para a concretização do projeto foi criada a F.S.A. – Floresta da Serra do Açor, associação privada sem fins lucrativos, composta pelas associações de compartes de Luadas, Teixeira, Lomba, Aveleira, Nogueira, Vinhó, Cepos e Casal Novo, Porto Castanheiro, Salgueiro, Alqueve, Bocado e Celavisa. O projeto considera, também, propriedades da Câmara Municipal de Arganil e da Junta de Freguesia de Arganil. A Associação, que tem como presidente da direção Luís Paulo Costa, conta com um Conselho Estratégico, onde têm assento, além do Município de Arganil, a Jerónimo Martins e a ESAC.
Trata-se de um modelo florestal pioneiro e multifuncional, que se propõe a garantir uma gestão integrada e profissional do espaço florestal do concelho. Com um horizonte temporal de 40 anos, o projeto materializa a visão estratégica que o Município de Arganil tem para a floresta do concelho, que cumpre o objetivo da defesa do território contra os incêndios.
A concretização deste projeto implica um investimento exato de 5.180.000,00€, cuja calendarização estabelece que 50% do valor será investido nos primeiros 7 anos do projeto; até 2031 terão sido investidos 75% daquele valor e dentro de 20 anos terá sido executado investimento correspondente a 95%.
As plantações deverão estar concentradas nos primeiros cinco anos do projeto, sendo que cerca de 85% dos povoamentos serão mistos, constituídos essencialmente por pinheiro bravo, castanheiro, medronheiro, carvalho e sobreiro. Paralelamente, visa-se a exploração de valiosos e importantes produtos, como o medronho, a cortiça, o mel e os cogumelos silvestres.
Para Luís Paulo Costa, este projeto permitirá servir de exemplo, mostrando uma floresta que crie riqueza, resiliente aos incêndios, sustentável e que consiga conciliar a produção com a conservação, ao mesmo tempo que contribua para fixar pessoas no território. “O compromisso que aqui selamos, relativamente a um projeto integrado com esta ambição, com esta abrangência, com esta filosofia, não pode deixar de constituir um momento de esperança; uma razão para acreditarmos e termos confiança no futuro”.
Ainda antes da assinatura do protocolo de financiamento, celebrado entre a Associação Floresta da Serra do Açor, Luís Paulo Costa não escondeu a gratidão para com o Grupo Jerónimo Martins e Pedro Soares dos Santos, agradecendo a confiança depositada no concelho de Arganil. “Estamos aqui, hoje, graças à audácia, à visão e ao fortíssimo sentido de responsabilidade social do Grupo Jerónimo Martins; obrigado por acreditarem na capacidade da Câmara Municipal de Arganil para fazer acontecer uma grande mudança na nossa floresta”.
Pedro Soares dos Santos enalteceu “a visão mobilizadora de Luís Paulo Costa” e felicitou a decisão das comunidades locais por detrás dos baldios em confiar a gestão dos seus espaços florestais à Associação Floresta da Serra do Açor. Em causa está, frisou o presidente da Jerónimo Martins, o contributo para o desenvolvimento do interior, a proteção do território contra fogos e o sequestro de carbono, num contexto de emergência climática global.
Realçando o “caráter pioneiro” do projeto e a “congregação de esforços sem precedentes em Portugal”, Pedro Soares dos santos disse estar convicto de que esta pode ser uma mudança de paradigma de como olhar para a floresta e prevenir desastres como o que Arganil viveu em outubro de 2017.